Sindicatos apontam vantagens no sistema, mas dizem que ele também pode ser usado para maquiar dados da educação
No Rio e em SP, modelo foi também tema de debates em campanhas eleitorais e chegou a ser taxado de "aprovação automática"
DA SUCURSAL DO RIO
Fonte: Folha de São Paulo
Em São Paulo, as discussões chegaram ao seu auge nas eleições para o governo do Estado, em 2002, quando os candidatos José Genoino (PT) e Paulo Maluf (do então PPB) atacavam com freqüência o que chamavam de "aprovação automática" da gestão dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin.
Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de SP), diz não ter ficado surpresa com o fato de um estudo mostrar que não há perda na qualidade. "Considero o sistema um avanço por ser menos excludente. O que criticamos foi a forma autoritária com que foi implementado em São Paulo, sem a preocupação de formar o profissional e dar a ele insumos para trabalhar adequadamente."
No Rio, o ponto alto do debate ocorreu neste ano, quando quase todos os candidatos à prefeitura -com exceção da candidata de situação- criticaram a ampliação do sistema de ciclos na gestão Cesar Maia (DEM). O eleito, Eduardo Paes (PMDB), inclusive prometeu acabar com o sistema em seu primeiro ato de governo.
Também no Rio, o sindicato dos professores foi uma das principais vozes contrárias.
"Se houver um trabalho para que o ciclo seja praticado, ele é eficaz. Mas o que aconteceu no Brasil é que vários governos aproveitaram essa idéia apenas para maquiar a má qualidade do ensino, já que a reprovação e o abandono diminuem se você não repetir nenhum aluno", afirma Vera Nepomuceno, diretora do sindicato.
Segundo ela, tanto no sistema seriado quanto no de ciclos há cada vez mais alunos chegando ao ensino médio com problemas que deveriam ter sido sanados na alfabetização. "Com o ciclo, no entanto, o problema é mais camuflado, mas ele não é o vilão da história."