sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Atendimento à vítima: SP tem 9 delegacias para 5,7 milhões de mulheres

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São muitas as dificuldades enfrentadas por vítimas de violência sexual. "Desce daí, menina, não é para subir aí. Você já é grande. Vai fazer bagunça lá fora", gritava a atendente da 1ª Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher, no centro de São Paulo, para uma menininha de quatro anos, recém-violentada por um vizinho de 18 anos.A menina foi levada ao local pela mãe, que escutou da mesma atendente (o nome dela é Dagmar) uma bronca porque não conseguia se lembrar do endereço de casa."Você não sabe o nome da rua em que você mora? Eu tenho uma sobrinha de três anos que já sabe o próprio endereço, e você não?"A mãe queria prestar queixa e chegou à delegacia levada pela polícia, depois de procurar o hospital Pérola Byington.A cena foi presenciada pela Folha que, até então, não havia se identificado para a atendente. Assim que soube que havia uma repórter no local, Dagmar disse que "adora crianças".Em São Paulo existem nove delegacias para uma população de 5,7 milhões de mulheres. A Folha visitou as nove unidades. Em nenhuma havia assistentes sociais ou psicólogos formados -algumas tinham apenas estudantes. Nenhuma funciona durante os finais de semana. Em duas delegacias não havia papel higiênico no banheiro. Em seis delas -junto a uma delegacia comum- o banheiro ficava a dois andares de distância.
Para delegada, atendimento é adequado
A delegada diligente do serviço técnico de apoio às delegacias de defesa da mulher, Márcia Salgado, afirma que ainda não existe uma rede institucionalizada de apoio à mulher, mas que todas as delegacias encaminham as vítimas aos centros de referência mais próximos. Para ela, isso é mais adequado do que ter um atendimento psicológico ou social dentro da delegacia, que não tem um ambiente que "deixa a mulher à vontade" para esse tipo de tratamento.Ela ressaltou que nenhuma delegacia da mulher desestimula as mulheres a prestarem queixa.A Secretaria de Segurança Pública informou que há papel higiênico nos banheiros das delegacias e disse que, qualquer pessoa que se sentir ofendida injustamente por um policial, deve prestar queixa na Corregedoria da instituição. (TB)
Fonte: FSP 12/12/08