quarta-feira, 16 de julho de 2008

Governo de SP não cumpre suas metas para a educação

Gestões Alckmin e Serra não atingiram os índices de redução de repetência e evasão.

Em três dos quatro indicadores, a situação chegou a piorar; governo Serra culpa herança da gestão Alckmin, ambos do PSDB





FÁBIO TAKAHASHIDA
REPORTAGEM LOCAL


O governo paulista não conseguiu cumprir nenhuma das quatro metas a que se propôs para a melhoria na qualidade do ensino na rede estadual, para o período entre 2004 e 2007.O objetivo era, no geral, reduzir a repetência e a evasão dos alunos, tanto no ensino fundamental (1ª a 8ª série) quanto no ensino médio (antigo colegial).Em três dos quatro indicadores, a situação chegou a piorar. Foi o caso, por exemplo, da reprovação no ensino médio: a meta era diminuir de 9,3% para 7% a proporção de alunos que repetem de ano. A taxa, porém, subiu para 17,6%. O único que melhorou -evasão no ensino médio- ficou abaixo da meta (era 8,4%, esperava-se 6%, mas ficou em 6,5%).
Os objetivos foram determinados pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Plano Plurianual 2004-2007.O plano, uma obrigação legal, determina as prioridades do governo para o período e fixa indicadores para o acompanhamento da eficácia das políticas.A vigência do plano se estendeu até o primeiro ano da gestão José Serra (PSDB).
Pesquisas nacionais e internacionais ligam a reprovação à piora na aprendizagem e ao aumento do abandono.
A situação dos países com bons rendimentos nos testes educacionais apontam para a mesma direção. Finlândia e Chile têm baixas taxas de reprovação, de 1% e 2%, respectivamente, no antigo primário.
Apesar de a rede estadual contar com a progressão continuada, os alunos podem ser retidos na 4ª e na 8ª séries da educação fundamental ou em qualquer ano do ensino médio.
Os indicadores finais do plano, referentes a 2007, foram encaminhados pelo governo ao Tribunal de Contas do Estado, dentro da prestação de contas de 2007 (de todas as áreas da administração) -que foram aprovadas, com recomendações, no dia 25 do mês passado.
Explicações
Ao tribunal de contas, o governo José Serra citou "a falta de parâmetros curriculares estaduais" como um dos principais motivos para não ter atingido as metas, em uma crítica indireta aos governos anteriores, do próprio PSDB (leia mais nesta página).
Pesquisadores ouvidos pela reportagem apresentaram análises diferentes. "Por falta de condições de trabalho e de diálogo com o governo, os professores ficam desestimulados. Os alunos sentem isso e também se desestimulam", afirma José Marcelino Rezende, docente da USP de Ribeirão Preto."Sem currículo, cada um fazia o que queria, era uma bagunça. O atual governo procura mudar isso e está no caminho certo", diz a diretora-executiva da Fundação Lemann, Ilona Becskeházy.
Já a coordenadora da ONG Ação Educativa, Vera Masagão, afirma que "o problema é que as medidas são impostas, sem negociação com os educadores, e mudanças até positivas, como o currículo, podem se perder".
A Apeoesp (sindicato dos docentes) e Udemo (sindicato dos diretores de escola) apontaram os baixos salários e as longas jornadas como causas para o baixo desempenho da rede.
Fonte: Folha de São Paulo - Cotidiano - 16 de julho de 2008.