sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Maior problema é o baixo salário, diz professor

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para o professor da Faculdade de Educação da USP, César Minto, a alta nos índices de reprovação e evasão escolar está diretamente relacionada com a falta de investimento governamental nas escolas."Cada vez mais, o descaso com as escolas vai se tornando perceptível", diz. "Um porcento de reprovação para mim já é um número alto. Já mostra que os indivíduos não estão sendo respeitados no seu direito à educação."Os índices foram compilados pela Comissão Municipal de Direitos Humanos justamente para avaliar a situação desses direitos nas regiões das subprefeituras da capital.O principal problema, na opinião dele, é a questão salarial. Os baixos salários fazem com que os professores se sintam desestimulados, diz. "Os professores não têm estímulo. Nas escolas que conseguiram preservar a qualidade, [isso] foi graças ao estímulo deles".Ele ressalta ainda que, caso os governos aumentassem os níveis salariais dos professores da rede pública, haveria também um reflexo no salário das redes particulares, já que poderia haver uma migração no fluxo de professores. "Haveria uma evasão do setor privado para o público", afirma.A evasão e a repetência, para ele, também são causadas pelas precárias estruturas escolares. "Na rede estadual de São Paulo não tem biblioteca e laboratório. Não há nem uma previsão de ter. Falo de uma biblioteca e de um laboratório sérios, e não de uma salinha com uma placa", destaca."Não há nenhuma previsão de contratar profissionais para isso. Quantas bibliotecárias da rede pública você já viu?"José Carlos Augusto, presidente do Sieeesp (sindicato das escolas particulares do Estado de São Paulo), concorda. Para ele, a burocracia das redes públicas também é um empecilho para a melhoria na qualidade da infra-estrutura. "Se quebra alguma coisa na escola particular, imediatamente se arruma. Na rede pública tudo demora", diz. "Essa falta de estrutura desestimula os alunos." (TB)
Fonte: FSP 27/11/08