segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ensaio - Perri Klass: Revidando o "bullying" - 22/06/2009

 

Fonte: New York Times / Folha de São Paulo

PERRI KLASS, MÉDICO
Revidando o "bullying"

Nos últimos anos, pediatras e pesquisadores dos EUA têm dado a agressores juvenis e suas vítimas a atenção que mereciam havia muito tempo. Já se superou a ideia expressa na máxima "isso é coisa de adolescentes", segundo a qual a intimidação é uma parte normal da infância e da adolescência ou prelúdio a uma estratégia de vida.
Pesquisas descrevem os riscos de longo prazo do "bullying" -as vítimas podem apresentar tendência maior a sofrer de depressão e pensamentos suicidas, enquanto os próprios agressores têm menos probabilidades de concluir seus estudos ou manter seus empregos.
Em julho, a Academia Americana de Pediatria publicará a nova versão de uma declaração oficial sobre o papel do pediatra na prevenção da violência juvenil. Pela primeira vez, a declaração vai conter uma seção sobre "bullying" -incluindo a recomendação de que as escolas adotem um modelo de prevenção desenvolvido por Dan Olweus, professor e pesquisador de psicologia na Universidade de Bergen, Noruega, que começou a estudar o fenômeno do "bullying" em escolas na Escandinávia nos anos 1970.
Os programas, disse ele, "operam ao nível das escolas, das salas de aula e ao nível individual; eles combinam programas preventivos e o tratamento direto das crianças que são envolvidas com "bullying" ou identificadas como agressoras, como vítimas ou como ambas as coisas".
Robert Sege, chefe de pediatria ambulatorial no Centro Médico Boston e um dos principais autores da nova declaração de política em relação ao "bullying", diz que a abordagem de Olweus foca um grupo maior de crianças: as que assistem ao que acontece. A "genialidade de Olweus", disse ele, "está no fato de conseguir virar a situação na escola do avesso, de modo que as crianças entendem que o agressor é uma pessoa que tem dificuldade em administrar seu próprio comportamento e que a vítima é alguém que elas podem proteger".
O outro autor principal da declaração, Joseph Wright, observa que um quarto das crianças e dos adolescentes relata que já esteve envolvida em intimidações, como agressor ou como vítima.
Para ter sucesso no combate ao "bullying", a escola precisa descobrir os detalhes -onde e quando as agressões acontecem. Modificações estruturais podem ser feitas nos lugares vulneráveis: um canto escondido do pátio, a entrada da escola no horário de saída dos alunos.
Então, disse Sege, "ativar os alunos que assistem às agressões" significa mudar toda a cultura da escola. Por meio de discussões em sala de aula, reuniões com pais e respostas pontuais e coerentes a cada incidente, a escola deve transmitir a mensagem de que intimidações não serão toleradas.

domingo, 21 de junho de 2009

Inscrições para novo Enem estão abertas até 17/7

Da Redação
Em São Paulo
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009 está com inscrições abertas, somente pela internet, até 23h59 de 17 de julho (horário de Brasília, DF). É preciso preencher o cadastro e imprimir o comprovante de inscrição e o boleto de pagamento; a taxa custa R$ 35. Pessoas que tenham estudado em escolas públicas ou em instituições participantes do Encceja 2006, 2007 e 2008 têm isenção de taxa. Também terão isenção de taxa candidatos de baixa renda, bem como os inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais. Para obter o benefício, é necessário fazer requerimento entre os dias 15 e 19 de junho, pela web. A relação dos isentos será divulgada até 3 de julho. Os comprovantes de inscrição estarão disponíveis via web até o dia 24 de julho. Estudantes que já finalizaram a escolarização básica em anos anteriores e estão interessados na certificação do ensino médio poderão se inscrever até as 23h59 do dia 19 de julho. Os comprovantes de inscrição desse grupo estarão disponíveis até 31 de julho.
Formato do exame
A prova terá 180 questões e tempo de duração total de 10h, distribuídos entre os dias 3 e 4 de outubro. No primeiro dia de exame (3/10), haverá provas de ciências da natureza e suas tecnologias e, depois, ciências humanas e suas tecnologias. Nesse dia, os candidatos terão 4h30 para resolver as questões. No segundo dia (4/10), serão aplicadas a prova de linguagens, códigos e suas tecnologias, que inclui a redação, e a prova de matemática e suas tecnologias. Os estudantes terão 5h30 para a resolução dos exames.
Enem no vestibular

Até agora, 45 faculdades federais já declararam que irão utilizar o exame em seus vestibulares de acordo com uma das quatro formas recomendadas pelo MEC (Ministério da Educação):

  • como prova única para a seleção de ingresso;
  • substituindo apenas a primeira fase do vestibular pelo Enem;
  • combinando a nota do Enem com a nota do vestibular tradicional (nesta modalidade, a universidade fica livre para decidir um percentual do Enem que será utilizado na média definitiva); ou
  • usando o Enem como fase única apenas para as vagas ociosas da universidade.

Dentre essas 45 instituições, pelo menos 20 (dentre as 55 em funcionamento) informaram que vão integrar o sistema único de vestibular do MEC, seja com parte ou com todas as vagas de graduação disponíveis. A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), por exemplo, vai adotar o novo Enem como critério único de seleção apenas para alguns cursos. Medicina, que é o mais concorrido, não fará parte do sistema do MEC, mas vai usar a nota do Enem como primeira fase do processo seletivo. O Enem também pode ser usado para concorrer a bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos). O resultado exame deverá ser enviado aos candidatos via Correios, a partir da segunda quinzena de janeiro de 2010.

Obs: UFRGS e UFRR não se decidiram ainda pelo processo. Já Ufmg, Unb, Unir, Ufcg, Ufpb, Ufrn, Ufc, Ufra, Ufpa e Unifap não adotarão o novo Enen neste momento.

Fonte: Uol

Enen - relembrando a divulgação dos dados do ano anterior

Quase 90% das escolas públicas têm nota abaixo da média no Enem
da Agência Brasil
Das 26 mil escolas que foram avaliadas pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), 74% obteve nota abaixo da média nacional que foi de 50,52 pontos. Na rede pública, o índice de estabelecimentos com resultado inferior à média chega a 89%. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgou nesta terça-feira os resultados por estabelecimento de ensino em 2008.
Mais uma vez, foram as particulares que conquistaram os melhores resultados no exame. Das 20 melhores escolas, 15 são particulares e a maioria se concentra na Região Sudeste. Outras 6 mil escolas ficaram sem conceito porque tiveram número insuficiente de alunos participantes.
Pelo segundo ano consecutivo, o campeão do Enem foi o Colégio São Bento, do Rio de Janeiro. A média total obtida pela escola - incluindo a prova objetiva e a redação com correção de participação - foi de 80,58 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. São 30 pontos a mais do que a média nacional divulgada em novembro pelo Inep. Administrado por padres beneditinos, o colégio só recebe alunos do sexo masculino. A mensalidade para o ensino médio varia de R$ 1.616 a R$ 1.752.
Entre as escolas públicas, o melhor resultado ficou com o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. A média obtida pelos alunos foi de 76,66 pontos, o terceiro melhor resultado no ranking geral.
Só 8% das escolas "tops" no Enem são públicas; veja ranking
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
ANGELA PINHO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação apontam que apenas 8% das escolas "tops" do país no ensino médio são públicas. Ainda assim, são unidades de elite do sistema, que fazem seleção para escolher seus alunos. A Folha analisou o resultado dos 1.917 melhores colégios no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o que representa 10% do total. Destas quase 2.000 escolas, apenas 151 são públicas (83 federais).
Considerando as escolas públicas "convencionais" (excluindo as profissionalizantes, as ligadas a universidades ou que fazem seleção para ingresso), a melhor unidade da rede ficou na posição 1.935 do ranking. O colégio é estadual do Rio Grande do Sul e sofre com falta de professores.
As notas do Enem são utilizadas como parte da seleção de calouros para universidades e para que os alunos saibam sua condição ao concluírem a educação básica. Também é usado para selecionar bolsistas em universidades privadas pelo Prouni (programa federal).
A melhor escola do país é uma particular do Rio (São Bento), com média 33% acima da melhor pública "convencional" (escola Frederico Benvegnu, em São Domingos do Sul, a 246 km de Porto Alegre).
"Esse resultado tem se repetido ano a ano. Os alunos das escolas particulares têm melhor desempenho seja porque têm professores mais bem pagos, seja pela família", afirmou o presidente do Inep (instituto do MEC responsável pelo exame), Reynaldo Fernandes.
"Nenhuma prova mede só a escola. Mede também o aluno, a formação dos pais e o contexto socioeconômico. Fatores socioeconômicos explicam melhor o desempenho."
Os dados divulgados permitem quatro tipos de ranking. A Folha usou a média entre a prova objetiva e a redação, com a simulação de que todos os alunos do colégio tenham feito o Enem, que é optativo.
Zonas sul e oeste de São Paulo concentram as melhores escolas
da Folha de S.Paulo
Os colégios particulares que obtiveram melhor desempenho no Enem estão concentrados nas zonas oeste e sul de São Paulo, regiões com o maior número de pessoas pertencentes à classe A, de acordo com a pesquisa DNA Paulistano/Datafolha, realizada em 2008.
Dos dez que obtiveram as melhores notas no Enem, seis ficam na zona sul, três na zona oeste e uma na zona leste.
O melhor da região central é o colégio São Luís, localizado em meio à movimentada avenida Paulista, que ocupa o 24º lugar na lista geral.
Já na zona norte, o colégio Objetivo do Mandaqui obteve o melhor resultado da região e a 57ª colocação geral.
No Tatuapé, o colégio Agostiniano Mendel foi dono do melhor desempenho da zona leste e sexto no quadro total.
Na zona sul, estão os três primeiros colocados: o Vértice, Bandeirantes e Móbile, além do Etapa (quinto), Stockler (sétimo) e Humbodt (nono).
Já na zona oeste, o primeiro lugar é do colégio Santa Cruz, dono da quarta colocação no ranking das particulares. Seguido por Palmares (oitavo) e Santo Américo (décimo).
6 em cada 10 escolas "top" no Enem estão fora das capitais
ANGELA PINHO
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O bom ensino médio não está restrito aos grandes centros. Os dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) mostram que as escolas com as notas mais altas estão em sua maior parte no interior.
Considerando-se os colégios na faixa dos 10% de melhor desempenho, 64% estão fora das capitais. Aqueles nas regiões metropolitanas das capitais respondem por 10% do total; o restante está ou no litoral ou, principalmente, no interior.
Em São Paulo, a fatia é maior --60% da "elite" do Enem está no interior do Estado; 26%, na capital; outros 12% na região metropolitana e 2% no litoral.
Nesse terceiro grupo está a escola Professora Lúcia de Castro Bueno, em Taboão da Serra. Excluindo-se as escolas técnicas, ela é a melhor estadual de São Paulo, embora fique apenas na modesta 2.596ª posição na classificação geral do Enem.
Para César Callegari, secretário de Educação local e membro do Conselho Nacional de Educação, a explicação está na autonomia da escola, que, segundo ele, inclusive conseguiu se desligar de algumas diretrizes da secretaria estadual, como o uso de apostilas e a progressão continuada.
É esse fator, e não a localização das escolas, o maior motivo de êxito, sustenta. Por outro lado, pondera que, em cidades menores, muitas vezes há mais condições de manter equipes estáveis, com menos rotatividade de diretores e professores, o que acabaria influenciando positivamente a aprendizagem.
Reynaldo Fernandes, presidente do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC), afirma desconhecer evidência da influência da localização das escolas sobre o desempenho dos alunos. Ele diz que os estudos sobre educação mostram que o fator socioeconômico é o que pesa mais sobre a nota final.
Embora a maior parte dos melhores colégios esteja no interior ou nas regiões metropolitanas, um olhar sobre o desempenho no Enem mostra que, nacionalmente, a probabilidade de um colégio da capital entrar na lista dos "tops" é maior do que no resto do país: 20% das escolas do Brasil estão nas capitais, mas, se forem consideradas só as melhores, o percentual sobe para 34%.
Perfil
A lista das escolas entre as 10% melhores levou em conta a média na prova objetiva e de múltipla escolha. O Inep também aplicou uma fórmula para evitar que a diferença entre o número de alunos que fez a prova em cada escola distorcesse as diferenças entre elas.
O perfil dessa "elite" educacional reflete o conhecido abismo entre o sistema público e o particular. Levando-se em conta as 10% melhores notas no Enem, chega-se a 1.917 escolas --dessas, 92% são particulares.
Entre as públicas, aparecem duas escolas técnicas municipais, 83 escolas federais (sendo 48 técnicas) e 66 estaduais, das quais todas pertencem a uma minoria do sistema --são ou de ensino profissionalizante ou cobram mensalidade.
Fonte: FSP de maio de 2009
O ranking completo está divulgado no site do Inep/Mec.

Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa

MARIANA BARROS
da Folha de S.Paulo

Alunos zombando de outros alunos, de professores ou de funcionários do local onde estudam é, mais do que brincadeira de mau gosto, sinal de pior rendimento escolar.
Uma pesquisa realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a pedido do MEC (Ministério da Educação) demonstrou que, quanto mais preconceito e práticas discriminatórias existem em uma escola pública, pior é o desempenho de seus estudantes.
Entre as experiências mais nocivas vividas por esses jovens está o bullying, que é a humilhação perante colegas por motivo de intolerância.
As consequências na performance estudantil são mais graves quando as vítimas de zombaria são os professores. Entre os alunos, os principais alvos são, respectivamente, negros, pobres e homossexuais.
Para chegar a essa associação entre o grau de intolerância e o desempenho escolar, o estudo considerou os resultados da Prova Brasil de 2007, exame de habilidades de português e matemática realizado por quem cursa da 4ª à 8ª série do ensino fundamental da rede pública.
A conclusão foi que as escolas com notas mais baixas registraram maior aversão ao que é diferente. O MEC não informou que medidas pretende tomar a respeito dessa constatação.
"A conjectura que podemos fazer é que o bullying gera um ambiente que não é propício ao aprendizado", afirma o economista José Afonso Mazzon, coordenador da pesquisa.
"Não é uma questão de política educacional, mas de governo, de Estado. O indivíduo que nasce negro, pobre e homossexual está com um carimbo muito sério pela vida toda", diz Mazzon, para quem o preconceito vem normalmente da própria família. "Para alterar uma situação como essa acredito que levará gerações."
Foram entrevistadas 18.600 pessoas, entre alunos, pais, diretores, professores e funcionários de 501 escolas de todo o Brasil. Entre os estudantes, participaram da pesquisa os que cursam a 7ª ou a 8ª série do ensino fundamental, a 3ª ou a 4ª série do ensino médio e o antigo supletivo, o EJA (Educação para Jovens e Adultos). Do total estudantil, 70% têm menos de 20 anos.
Fonte: FSP 18/06/09

Orçamento da USP aumentou 37,7% entre 2005 e 2008

LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo
Junte-se uma greve por salários com piquetes, assembleias e muito, muito bate-boca. O diagnóstico quase sempre sai no piloto automático: "A USP está falida". Errado. A USP está, isso sim, na fase das vacas gordas. Entre 2005 e 2008 o orçamento da universidade deu um salto de 37,7%. Foi de R$ 1,858 bilhão para R$ 2,560 bilhões. A previsão para o ano de 2009 é que entrem na universidade R$ 2,816 bilhões --um quarto de bilhão de reais a mais do que no ano passado.
Só para comparar: trata-se de cifra comparável à receita orçamentária de Estados inteiros, como o Piauí (R$ 2,6 bi) ou Alagoas (R$ 2,8 bi). Ou de quase duas vezes a receita de Tocantins (R$ 1,4 bi), ou ainda de 4,4 vezes o Acre (R$ 640 milhões).
A dinheirama que todo ano é despejada na USP --e também na Unicamp e Unesp, que juntas receberam R$ 2,6 bilhões em 2008-- deriva de uma disposição da Constituição paulista de 1988, segundo a qual as universidades estaduais devem receber um percentual fixo da arrecadação do ICMS.
Cada vez que uma dona de casa vai ao mercado e uma nota fiscal é emitida, 5,0295% do total arrecadado com o imposto cai nos cofres da USP.
Engenheiro agrônomo com doutorado em economia, Joaquim José de Camargo Engler, 67, integra a Comissão de Orçamento e Patrimônio da USP desde 1983 --há 26 anos, portanto. Acumula o cargo com o de diretor administrativo e financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. "Não há crise financeira na USP. A USP não está falida. Ao contrário."
"Crescimento do consumo e estímulos à arrecadação --como a Nota Fiscal Paulista-- levaram a universidade à atual fase de expansão de receitas", Engler explica. A coisa ficou ainda melhor porque o número de aposentados da USP (cujos benefícios são pagos pelas receitas da própria universidade), depois de conhecer um crescimento de 106% entre 1988 e 2003), estabilizou-se.
Prevê-se que, neste ano, R$ 528 milhões saiam dos cofres da USP para pagamento dos inativos. Outro R$ 1,9 bi está reservado para pagamento dos funcionários e docentes da ativa --dá um total de R$ 2,4 bi, ou 86% do total que a universidade pretende recolher.
Em 2003, em um cenário econômico bem mais sombrio e sem os incentivos atuais à arrecadação, a folha de pagamento da universidade superou toda a receita. O jeito foi pedir empréstimo aos bancos.
Crise global
Neste início de 2009, crise econômica mundial, falências e concordatas de gigantes como a GM nos Estados Unidos, e já se começou a falar em retração das receitas da USP. Trata-se de um desincentivo e tanto ao pleito de reajuste salarial feito pelas entidades de professores e funcionários. "O problema é que, uma vez concedido o reajuste, não se pode voltar atrás, ainda que a arrecadação despenque. Por isso é que é tão importante manter uma margem de segurança", diz Engler.
O próprio professor, entre tanto, adverte que não há motivos --"ainda"-- para pânico. Os resultados dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril desautorizam isso. Recolheram-se aos cofres da universidade R$ 924 milhões. O orçamento previa para o 1º quadrimestre de 2009 repasse de R$ 939 milhões. Ficou R$ 15 milhões aquém (um "troco", perto do orçamento total). Ainda assim, é 3,3% a mais do que os R$ 894 milhões que foram depositados na conta da USP em igual período de 2008. "Isso é que é crise gostosa", brincou Engler.
Edson Nunes, pró-reitor de planejamento da Universidade Candido Mendes do Rio de Janeiro, considera que o comprometimento do orçamento da USP com os salários é alto de mais, mesmo antes de qualquer reajuste salarial. "Numa universidade de pesquisa privada, quando o percentual chega a 70%, já se começa a mudar o planejamento."
Outros custeios
Na USP, o dinheiro que sobra para outros custeios e investimentos equivale a R$ 385 milhões. No orçamento deste ano, preveem-se gastos de R$ 85,7 milhões com moradia estudantil, bolsa-alimentação, creches e outros apoios destinados a estudantes carentes, além de apoio à saúde, refeições subsidiadas, clube poliesportivo, monitorias e estágios.
A universidade também de verá gastar R$ 43 milhões em contratos de vigilância e outros R$ 36 milhões em limpeza.
E a pesquisa científica? Segundo o professor Engler, que --repita-se-- é também diretor administrativo e financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, para isso existem agências de fomento, como a Fapesp: "A universidade dá como contrapartida para o financiamento a excelência de seus quadros científicos, um ambiente propício, funcionários qualificados. É uma relação saudável".
Fonte: FSP de 21/06/09

Alunos e funcionários da USP deixam largo São Francisco após passeata

Imagem: Eduardo Knapp/Folha Imagem
Alunos, docentes e funcionários da USP protestam em São Paulo; passeata saiu da Paulista com destino ao largo São Francisco


FERNANDA PEREIRA NEVES
Colaboração para a Folha Online


Alunos, docentes e funcionários da USP realizaram nesta quinta-feira uma passeata protestar contra a presença da PM no campus e para pedir a saída da reitora da universidade, Suely Vilela. O grupo, que saiu do vão livre do Masp, na Paulista, por volta das 13h20, chegou ao destino --no largo São Francisco-- por volta das 15h. O último discurso em carro de som ocorreu duas horas depois, quando os manifestantes começaram a dispersar.
Cerca de 200 policiais militares acompanharam a passeata, que ocorreu sem registros de tumultos ou confrontos.
No entanto, quando o grupo passava pelo cruzamento das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antonio, garrafas e um ovo foram lançados. Uma estudante de 22 anos ficou ferida e foi encaminhada a um hospital para exames. As causas do ferimento ainda não foram confirmadas, mas, de acordo com uma amiga que acompanhava a jovem no hospital, ela pode ter sido atingida por um bloco de gelo.
Trânsito
Durante a passeata, ocorreram interdições na avenida Paulista e na avenida Brigadeiro Luís Antonio, trajeto dos manifestantes.
Ao longo do ato, os manifestantes distribuíram panfletos com um manifesto contra a PM na USP e onde explica os motivos da greve.
Com a chegada dos manifestantes ao largo São Francisco, o trânsito começou a voltar ao normal.
Portas fechadas
Segundo a Polícia Militar, 1.200 pessoas se reuniram em frente ao prédio da Faculdade de Direito --a organização não deu estimativas.
A faculdade amanheceu fechada "como medida preventiva de proteção às pessoas que nela trabalham e circulam", de acordo com nota divulgada pelo diretor João Grandino Rodas.
Para o diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Magno de Carvalho, fechar o prédio da Faculdade de Direito foi um ato de provocação do diretor do campus.
Em nota, publicada no site da faculdade, a diretoria alega que o fechamento do prédio, no dia em que a manifestação estava marcada, teve também o objetivo de proteger "seu patrimônio histórico e imobiliário, mobiliário e bibliográfico". As provas serão remarcadas, informa a nota.
Fonte: FSP de 18/06/09

Centralização de poder alimenta crise na USP

FÁBIO TAKAHASHI
LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Pelo menos em um ponto, professores titulares (o mais alto grau da carreira docente) e o sindicato "vermelho" dos funcionários estão de acordo: o poder na USP precisa de oxigênio.
Se a crítica à rigidez dos órgãos de poder da universidade sempre fez parte das reivindicações das entidades sindicais, a diferença do momento atual é que, pela primeira vez desde 1988, gente de dentro da própria direção da USP admite que, do jeito que as coisas estão, a universidade não consegue refletir a diversidade da instituição, promover o diálogo e o entendimento.
Até o Conselho Universitário, apontado como uma espécie de "órgão senatorial", quartel-general da velha guarda uspiana, já admitiu que é preciso mudar a forma de eleição para reitor. Para isso, designou uma comissão encarregada de propor modificações no estatuto da universidade. Essa mesma comissão já propôs e conseguiu aprovar mudanças na carreira docente e na organização das prefeituras dos campi.
O entendimento é que o sistema atual de eleição favorece em demasia a representação dos professores titulares em detrimento das categorias inferiores de docentes, e das representações de funcionários e estudantes. No segundo turno da eleição de reitor, por exemplo, que decide a lista tríplice a ser encaminhada para decisão final do governador, votam cerca de 300 pessoas. Destas, a categoria com mais votos é a dos titulares, que tem um quinto de todos os docentes da USP. No total, a comunidade uspiana conta com cem mil estudantes, funcionários e professores.
Uma hipótese levantada é ampliar o número de pessoas com poder de voto no colégio eleitoral. Também se estuda a alteração na distribuição dos votantes entre as unidades.
Hoje, as unidades têm praticamente o mesmo peso na votação, apesar de seus tamanhos serem muito diferentes. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e Escola Politécnica, por exemplo, possuem cada uma, cerca de 460 docentes, enquanto há unidades como o Instituto de Química de São Carlos, com 70.
A insatisfação com a atual estrutura de poder da USP já se estendeu até mesmo a apoiadores de primeira hora da reitora Suely Vilela.
É exemplo disso o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Sylvio Sawaya. Em 2007, durante a greve com invasão da reitoria, ele pessoalmente organizou e animou um protesto pelo fim do movimento e pela volta à normalidade.
Agora, Sawaya trabalha com um grupo de professores para desenvolver uma plataforma que, entre outros itens, prevê um Conselho Universitário com "representação mais equânime das categorias docentes e representações proporcionais ao número de alunos".
"A universidade está em uma grande crise. Há muita insatisfação, que esse movimento [grevista] ecoa. Não é revolta por reajuste salarial, fim do ensino a distância, mudança na carreira [reivindicações dos grevistas]. É por mais debate na universidade. E uma mudança importante seria alteração na forma de escolha para reitor. Já na última eleição foi um ponto destacado por todos os candidatos, mas não andou", disse o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Hélio Nogueira da Cruz, ex-vice-reitor da USP.
Fonte: Folha de São Paulo de 21/06/09

Em uma semana, número de inscrições para Enem se aproxima de 1 milhão

Antes de acabar a primeira semana de inscrições, o número de estudantes que se inscreveram para participar do novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é de quase 1 milhão. Desde o início das inscrições, na segunda-feira (15), até as 17h30 desta sexta-feira, já foram feitas 924 mil inscrições. O prazo termina dia 17 de julho.
Neste ano, o exame servirá como forma de ingresso em pelo menos 40 das 55 universidades federais, substituindo total ou parcialmente o processo seletivo dessas instituições. As inscrições do Enem são feitas exclusivamente pela internet. A expectativa do Ministério da Educação é chegar a 7 milhões de participantes.
Segundo o Inep (Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela prova, o sistema de inscrições recebeu acessos de 64 países, incluindo Vietnã, Arábia Saudita, África do Sul, Índia, Grécia e Cuba.
São Paulo foi o Estado que registrou, até agora, o maior número de inscritos (193 mil), seguido de Minas Gerais (89 mil), da Bahia (81 mil), do Rio de Janeiro (73 mil) e de Pernambuco (58 mil)
Os alunos de escolas públicas estão isentos da taxa de inscrição. Já os que estudam na rede privada devem imprimir o boleto e pagar a taxa de R$ 35 em qualquer agência bancária. O Enem 2009 será aplicado em 1.619 municípios nos dias 3 e 4 de outubro, às 13h, com 180 questões de múltipla escolha.
Fonte: Agência Brasil de 19/06/09

Ensino médio pode ter nova disciplina obrigatória

Os alunos de todas as séries do ensino médio poderão ser obrigados a cursar uma nova disciplina - Ética Social e Política - caso projeto (PLS 103/09) do senador Expedito Júnior (PR-RO) que determina a inserção obrigatória da disciplina nos currículos do ensino médio seja aprovado. O objetivo da proposta, explica o senador, é contribuir para o fortalecimento da formação moral e ética dos jovens brasileiros, sedimentando uma visão crítica e uma postura ética, tanto no dia a dia das relações sociais, como também no exercício da atividade política. A disciplina, em sua opinião, será ferramenta importante para que o estudante de nível médio analise as questões político-sociais brasileiras e mundiais, sem fundamentação em pensamentos ideológicos específicos, mas numa base ampla sob uma visão o mais imparcial possível. A matéria está sendo relatada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) na Comissão de Educação (CE).
Outras três disciplinas, Língua Brasileira de Sinais (Libras), Esperanto e Línguas Indígenas, poderão ser ofertadas facultativamente aos alunos do ensino fundamental ou médio. O autor das três proposições é o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Inserção de temas
Outras proposições também inserem temas a ser abordados nas matérias já constantes do currículo escolar das escolas públicas e particulares em funcionamento no território nacional. O PLC 50/09, do deputado Cabo Júlio (PST-MG), determina a obrigatoriedade do estudo da dependência química e das consequências neuropsíquicas e sociológicas do uso de drogas, como parte do programa das disciplinas constantes no núcleo curricular básico para os ensinos fundamental e médio.
Já o PLS 155/08, de Tasso Jereissati (PSDB-CE), torna obrigatório o desenvolvimento, por professores do ensino fundamental e médio, de conteúdo relativo aos aspectos históricos regionais e locais no ensino da História do Brasil. Como aspectos regionais, o relator da proposição na CE, Mão Santa (PMDB-PI) cita Zumbi dos Palmares e Sepé Tiaraju, heróis brasileiros muitas vezes desconhecidos dos alunos. Tasso Jereissati argumenta no projeto que, apesar de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelecer que os currículos escolares tenham uma base nacional comum, a ser complementada por outra diversificada para atender a características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela, tal determinação não é cumprida, e por isso, "é necessário ser redundante e deixar explícita a orientação".
O empreendedorismo também pode virar um componente extracurricular das escolas dos ensinos médio e profissionalizante caso o PLS 273/06, do então senador Marcos Guerra, seja aprovado na Câmara dos Deputados. Ele recebeu decisão terminativa na CE em 2007. A intenção do parlamentar é preparar os alunos com base nos valores como "a busca de oportunidade e iniciativa, a disposição para inovar e enfrentar desafios e riscos calculados, a persistência, o comprometimento e a autoconfiança na busca dos seus objetivos".
Fonte: Agência Senado

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pesquisa aponta: Professores adoecem no trabalho


DIESAT e SINPRO RS apresentam resultados da pesquisa Condições de Trabalho e Saúde dos Profissionais do Ensino Privado do Estado do Rio Grande do Sul.
Em coletivas de imprensa realizadas em Porto Alegre, Pelotas, Ijuí e Passo Fundo foram apresentados os dados da pesquisa referentes aos docentes. Nos próximos meses serão divulgados os resultados referentes aos técnicos e auxiliares de ensino.
Esta pesquisa foi encomendada no segundo semestre do ano de 2008 pela FeteeSul - Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Rio Grande do Sul, sendo realizada pelo DIESAT - Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho.
Os pesquisadores, psicólogos e especialistas em saúde coletiva responsáveis pelo trabalho, Wilson Cesar Ribeiro Campos e Alecxandra Mari Ito, em uma das etapas desta pesquisa, percorreram diversas cidades no estado ouvindo docentes, técnicos e auxiliares de ensino.
Neste momento anexamos alguns links da cobertura da imprensa disponível na internet e, futuramente, a publicação dos resultados.

Vídeos:
RBS TV - http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=64860&channel=44

Impressos:
http://www.diariodecanoas.com.br/site/noticias/ensino,canal-8,ed-149,ct-730,cd-197774.htm

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2532326.xml&template=3898.dwt&edition=12443&section=1003

http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=19&noticia=66435

http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/plantao/10,2530452,Pesquisa-mostra-como-esta-a-saude-dos-profissionais-de-ensino-privado-na-regiao-de-Caxias.html


http://www.contee.org.br/noticias/msin/nmsin402.asp
http://www.sinpro-rio.org.br/publicacoes/jornal/jp209/sindical.html