segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Escolas com e sem verba têm nota parecida

Escolas com e sem verba têm nota parecida

Pesquisadores dizem que apenas o aumento da jornada escolar e do número de professores com ensino superior melhoram ensino

Não haverá avanços se apenas aumentarmos os recursos para equipamentos e salários dos professores, afirma pesquisador

Fonte: Folha de São Paulo
FÁBIO TAKAHASHIDA
REPORTAGEM LOCAL
Estudo da faculdade Ibmec São Paulo indica que o simples aumento nos gastos com a educação não basta para melhorar a qualidade de ensino.
A pesquisa cruzou o gasto por estudante do ensino fundamental, segundo dados do Tesouro Nacional, com o desempenho das redes municipais na Prova Brasil (exame federal).
A conclusão foi que os municípios que mais investiram não necessariamente tiveram médias melhores na prova. "Fica claro que, para que se obtenha melhoras no desempenho escolar, não basta um aumento de recursos", diz o trabalho.
Uma das formas utilizadas pelos pesquisadores do Ibmec para a análise foi separar os municípios de cada Estado em duas metades: o grupo dos que mais gastam por estudante e dos que menos gastam.
Em São Paulo, por exemplo, a média de investimento anual por aluno no primeiro grupo de cidades foi de R$ 2.018, ante R$ 1.080 do segundo bloco.Apesar da diferença de quase 90% no investimento, as médias na Prova Brasil entre os dois grupos ficaram praticamente iguais -193,1 ante 191,8 (em matemática, na quarta série, na edição 2005 do exame).
No Amazonas e em Goiás, os municípios que menos gastam chegaram a ter médias no exame federal levemente maiores que os que mais investem.O estudo também comparou os dados do país como um todo, mas com controle estatístico para que fosse analisado apenas o impacto do aumento dos recursos (excluindo-se fatores como a escolaridade dos pais dos alunos, que sofrem grandes variações entre os Estados).
Nesse recorte também não se verificou relação entre mais verbas e melhores notas.Especialistas consultados pela reportagem discordaram da avaliação. Eles defendem que o estudo não capta ações essenciais, que só podem ser feitas com aumento de verbas, como aumento salarial para atrair os jovens mais bem preparados para o magistério.

Jornada escolar

"Os resultados mostram que não adianta colocar mais dinheiro em educação em um sistema como o atual", afirmou Naércio Menezes Filho, autor do trabalho, juntamente com Luiz Felipe Leite Estanislau do Amaral -ambos também pesquisadores da USP.
"Não haverá melhora na aprendizagem se simplesmente aumentarmos os recursos para coisas como compra de computadores, construção de quadras e salários dos professores, como vem ocorrendo. São ações que não têm trazido impacto na aprendizagem", afirmou Menezes Filho.
Segundo a pesquisa, apenas aumento da jornada diária dos estudantes e maior número de professores com ensino superior completo causaram impacto positivo no rendimento dos estudantes.
O aumento de recursos para a educação é controverso. Enquanto alguns pesquisadores defendem que o principal para melhorar a aprendizagem dos alunos é aperfeiçoar a gestão do dinheiro disponível, outros dizem ser impossível mudar a situação com o montante atual.
O próprio Ministério da Educação defende ser necessário aumentar a verba para a educação, considerando o "atraso" que o país sofre na questão da qualidade de ensino.
O movimento Todos pela Educação (que reúne empresários, educadores e gestores, entre outros segmentos) estipulou como uma das metas para o país a elevação do percentual do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação básica, de 3,7% (dado de 2006) para 5%.Segundo o movimento, a meta se baseia nos gastos dos países desenvolvidos com a área.
"Atingindo, até 2010, patamar mínimo de 5% do PIB e gerindo de forma eficiente o investimento, objetivamos criar condições de atingir a cobertura e a qualidade que desejamos", diz o relatório do grupo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma palavra, mil imagens

Fonte: Folha de São Paulo

Uma palavra, mil imagens

Folha recolhe opinião de cegos a respeito do filme "Ensaio sobre a Cegueira", cujo DVD é lançado com recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual.

SYLVIA COLOMBODA REPORTAGEM LOCAL

Pessoas pisam em fezes no chão. Uma mulher de corpo volumoso está nua, de costas, numa cama. A esposa do médico enfia a faca no barman. O que é mais incômodo? Assistir imagens fortes como estas, escutar sua descrição ou, simplesmente, lê-las como se encontram acima?
O DVD de "Ensaio sobre a Cegueira", adaptação da obra homônima do Nobel português José Saramago, realizada pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles, chega ao mercado com um recurso que permite que tanto cegos como pessoas com perfeita capacidade de visão discutam a questão. Essa técnica é a audiodescrição, que permite a melhor compreensão de um filme por parte de quem não pode ver por meio de uma narração simultânea das cenas, mesclada a diálogos, trilha sonora e sons que fazem parte da ação.
A Folha exibiu o DVD a um grupo de deficientes visuais que trabalham na Fundação Dorina Nowill, em São Paulo, ou a frequentam. Ao compositor Sérgio Sá, que é cego de nascença. E ao professor de direito internacional da USP, Alberto do Amaral Junior, que perdeu a visão aos 20 anos.
A experiência teve interesse duplo para todos. Primeiro, porque o lançamento é praticamente pioneiro no Brasil e oferece a pessoas que não enxergam a oportunidade de assistir a filmes sem precisar da ajuda de terceiros. Segundo, pelo fato de o tema central da obra ser a cegueira, ainda que com um significado alegórico. Na história, uma misteriosa epidemia faz com que, gradativamente, a população de uma cidade perca a capacidade de enxergar. A única personagem não contaminada é a mulher de um médico -interpretada pela atriz Julianne Moore. É ela quem guia o grupo central do enredo até seu epílogo.

Protestos

Na época do lançamento do filme nos EUA, uma associação de cegos sediada em Baltimore promoveu protestos ao considerar que este apresentava os deficientes como monstros. Isso porque, na trama, o governo confina os infectados num asilo, em condições precárias de higiene e alimentação. Logo, a disputa pela comida provoca desentendimentos, seguidos de uma violência crescente, que leva a estupros coletivos e, finalmente, à guerra.
Na ocasião, Saramago reagiu contra a manifestação do grupo norte-americano, declarando que "a estupidez humana não diferencia cegos e videntes". O compositor Sérgio Sá, 56, autor do livro "Feche os Olhos para Ver Melhor", concorda com o português. "Eles não perceberam que o filme não é sobre cegos, que estão ali como uma metáfora para falar da nossa omissão. É essa omissão que cria monstros", diz. Meirelles ainda não viu a versão de seu filme com audiodescrição e está curioso com relação à recepção por parte dos deficientes. "Mas os caras que protestaram nos EUA erraram o alvo. Eu mesmo não fui estudar o comportamento de cegos para dirigir os atores. Para mim, essa história não é sobre cegos, é sobre o homem."
O professor Alberto do Amaral Junior, 49, acrescenta: "O autor poderia ter usado uma outra deficiência física, mas a cegueira é a mais emblemática e a que mais assusta no mundo em que vivemos", explica. Para o acadêmico, o "Ensaio" é uma obra aberta a diversas interpretações. Mas aponta duas que considera as mais importantes. "A surpresa diante da cegueira repentina mostra a incapacidade humana de lidar com o perigo novo e desconhecido. Essa surpresa leva as autoridades a pensarem imediatamente na reclusão dessa ameaça.
Isso faz lembrar os textos de Michel Foucault [1926-84, filósofo francês que, entre outras coisas, estudou a relação do homem com a loucura e a prisão]". A outra leitura, para ele, refere-se à disputa de poder. "Ela nasce de um princípio básico: a privação da alimentação. Isso não é próprio da cegueira, mas do ser humano de modo geral."

Mundo real

Apesar de o foco central da obra não ser a enfermidade, alguns deficientes identificaram-se com personagens e passagens. É o caso de Gilson Rocha da Silva, 28, que nasceu com um problema de visão, mas ficou completamente cego há um par de anos. "A discriminação que os cegos sofrem no mundo real está bem mostrada. As autoridades preferem nos trancafiar, nos deixar num canto, do que enfrentar o problema de nos integrar à sociedade."
O massoterapeuta Dalmir Bernardo, 65, cego há mais de 20 anos por conta de um glaucoma, acha que o filme pode ajudar a conscientizar aqueles que veem. "As pessoas nunca pensam que algo ruim pode acontecer com elas. Aquelas primeiras cenas, meio confusas, em que o oriental fica cego, exemplificam essa questão da nossa impotência", diz. Professor voluntário de informática na fundação, Antonio Carlos Grandi, 54, que perdeu a visão recentemente, crê que o filme não supera o livro, mas gostou da audiodescrição. "A narração não pode ser interpretativa, não tem que nos explicar nada, apenas contar de forma direta o que é a imagem que está na tela. Nesse sentido está muito bem feita."

"Tudo branco"

Já a aposentada Olinda Haragutchi, 76, que tem a mesma cegueira dos personagens do romance -"eu vejo tudo branco, até quando está escuro"- a versão para deficientes não funcionou. "Tem muito barulho, muita voz. Me compliquei e não consegui acompanhar a história. Prefiro livro falado." Já sua amiga, Maria das Graças Gomes de Souza, 40, que tem visão parcial ("vejo vultos"), gostou muito da sessão. E diz que, se o recurso se tornar mais comum, seu marido e seu filho vão comemorar. "Eu vivo atrapalhando, fazendo com que eles me contem o que está acontecendo na televisão. Agora, se isso ficar usual, vou poder até ir ao cinema sozinha." Amaral lembra, porém, que não é só a solidariedade que faz nascerem iniciativas como essa. "É claro que é uma coisa muito legal, mas evidentemente tem uma jogada de mercado aí. Com mais audiodescrições, haverá mais consumidores."

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA Direção: Fernando Meirelles Lançamento: Fox (só para locação) Classificação: não indicado para menores de 16 anos

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Creche saqueada

ROGÉRIO GENTILE
Fonte: Folha de São Paulo

Creche saqueada

SÃO PAULO
- Sapopemba, zona leste, vésperas da posse de Gilberto Kassab (DEM) em seu segundo mandato. Longe dos olhos de qualquer guarda municipal ou agente público, a obra de uma creche da prefeitura, abandonada após a eleição, é desmontada lentamente, tijolo a tijolo, por saqueadores.
Aproveitando-se do descaso da administração, que nada fez mesmo após ter sido alertada pela Folha em 12 de dezembro, eles levam o que podem. As paredes estão esburacadas. As aberturas onde deveria haver portas e janelas tiveram blocos de cimento retirados. O cenário é de total desolação. E de desperdício de dinheiro público.
À noite a situação é ainda pior. No que restou do prédio que deveria abrigar crianças, adolescentes "noias" usam drogas, numa microcracolândia de periferia.
O curioso -ou trágico- nisso tudo é que creche é um assunto "caro" ao prefeito. Em 2004, Serra e Kassab prometeram acabar com o déficit de vagas. Não acabaram. Ainda há 80 mil crianças na fila.
Na última campanha eleitoral, Kassab repetiu o compromisso. A creche de Sapopemba seria parte da solução. Papo furado? O prefeito diz que não...
Charles de Gaulle dizia que as promessas só comprometem aqueles que as recebem. É verdade, principalmente em política. Candidato fala o que quer, administrador faz o que dá (ou menos).
Na eleição de 2004, Serra e Kassab fizeram 161 promessas, todas documentadas no plano de governo -87 não foram cumpridas (54,04%), 46 apenas parcialmente (28,57%) e só 28 integralmente (17,39%). Agora, Kassab tem um projeto ou obra a entregar a cada 36 horas de governo, se quiser cumprir tudo o que prometeu na campanha. Dá? O prefeito diz que sim...
Resta explicar como vai fazer, considerando a crise mundial e a necessidade de "navegar com cautela em águas turvas", como ele mesmo declamou na posse ao anunciar que vai, sim, cortar gastos.

Ensino fundamental dobra inclusão de aluno com deficiência

Ensino fundamental dobra inclusão de aluno com deficiência

Entre 2000 e 2007, total de estudantes com necessidades especiais passou de 221.652 para 463.856 nas escolas do país

Além disso, a maioria dessas crianças foi matriculada no ensino regular, opção que a legislação brasileira dá como preferencial

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Fonte: Folha de São Paulo

De 2000 a 2007, o Brasil dobrou o número de alunos com necessidades especiais em sala de aula no ensino fundamental -o total passou de 221.652 estudantes para 463.856.
Essas crianças também estão atualmente, em sua maioria, incluídas em turmas regulares, ao lado dos demais estudantes, como demonstram dados do Censo Escolar do MEC tabulados pelo Inep (órgão de avaliação e pesquisa do ministério) a pedido da Folha.
Em 2000, apenas 30% desses alunos estudavam nas mesmas salas que as demais crianças, opção que a legislação brasileira coloca como preferencial quando se trata do atendimento de alunos com algum tipo de deficiência. Sete anos depois, esse percentual aumentou para 52% no ensino fundamental.
Esses avanços, no entanto, não aconteceram em todas as redes e ainda são insuficientes para garantir o direito de todos os alunos com alguma deficiência a uma educação de qualidade no ensino fundamental.
Segundo o Censo Escolar do MEC, são as redes municipais e estaduais as que mais têm colaborado no esforço de inclusão desses alunos. As escolas particulares e até mesmo as federais têm feito muito pouco.
Na rede privada, só 8% dos alunos com necessidades especiais em sala de aula estudam com os demais estudantes. Na rede federal -de onde se esperaria mais conformidade com as diretrizes do MEC, apesar da pequena abrangência na educação básica-, esse percentual também é baixo: 14%.
Na avaliação da procuradora da República em São Paulo Eugênia Fávero, o direito à inclusão vale para todas as redes.
Ela diz, porém, que as decisões da Justiça em ações que tentaram fazer valer esse direito têm sido diversas, com alguns juízes entendendo que as escolas não podem recusar a matrícula de um aluno com algum tipo de deficiência, enquanto outros dão ganho de causa a esses colégios.
Além de variar de acordo com a rede, o percentual de inclusão em turmas regulares varia também de acordo com o tipo de deficiência. Os dados do Censo Escolar mostram que os menores percentuais são verificados em casos de alunos com síndrome de Down ou deficiência mental ou múltipla.
"Ainda há uma dificuldade de se entender que a educação é um direito humano e vale para todos. Muitos se sentem no direito de escolher qual grupo vai esperar mais um pouco, e as crianças com deficiência intelectual têm sido bastante prejudicadas", diz Claudia Werneck, superintendente da Escola de Gente, ONG que defende o direito à inclusão.
Apesar das dificuldades, Werneck diz que não se deve negar os avanços recentes.
"Todos esses dados mostram que houve melhoria, mas minha preocupação é que a sociedade e os gestores públicos não se tranquilizem antes da hora. Ainda temos uma escola muito discriminadora, que não gosta da diversidade ou que prefere escolher com que tipo de diversidade vai trabalhar."
Ela lembra também que as estatísticas do Censo Escolar do MEC retratam apenas a realidade de quem está dentro da escola. Um levantamento feito pelos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social mostra, por exemplo, que só 21% do total de 350 mil crianças e jovens com deficiência que recebem o BPC (Benefício de Prestação Continuada) estavam matriculados na escola no ano de 2007.

Frase

Frase

"Todo o sistema educacional brasileiro não foi organizado para ser inclusivo, e as escolas federais não são exceção"
CLÁUDIA DUTRA
secretária de educação especial do MEC

Fonte: Folha de São Paulo

RAIO-X

RAIO-X
Fonte: Folha de São Paulo

221
mil era o total de alunos com necessidades especiais* matriculados no ensino fundamental em 2000

464
mil era o total de estudantes em 2007

30%
era o percentual desses alunos estudando em classes regulares em 2000

52%
era o percentual desses alunos estudando em classes regulares em 2007

70%
era o percentual de estudantes em classes ou escolas especiais, sem integração com os demais alunos em 2000

48%
era o percentual de estudantes em classes ou escolas especiais, sem integração com os demais alunos em 2007

(*) Um aluno com necessidade especial é considerado incluído quando estuda na mesma classe que os demais estudantes. As classes especiais ou escolas especializadas não promovem essa inclusão Fonte: Censo Escolar Inep/MEC

Para mães, o importante é que a escola dê atenção às dificuldades específicas

foco

Para mães, o importante é que a escola dê atenção às dificuldades específicas

Pedro Carrilho/ Folha Imagem

Maria Cecília e sua filha Maria Fernanda, deficiente visual, que estuda em classe regular no Rio

Fonte: Folha de São Paulo
DA SUCURSAL DO RIO

A história de mães de alunos com deficiência que tentaram matricular seus filhos em escolas regulares mostra que a inclusão é possível, mas nem sempre é de qualidade.
Cristiane Abrantes Simões, por exemplo, insistiu por bastante tempo para que sua filha Suele Simões, 18, estudasse em turmas regulares.
Ela passou por quatro escolas públicas até concluir que o melhor, para sua filha, seria que procurasse o Instituto Benjamim Constant, órgão do governo federal no Rio que é referência no atendimento a deficientes visuais.
"As escolas colocavam crianças com vários tipos de deficiência juntas numa sala, muitas vezes com um professor despreparado para aquela situação. No caso da minha filha, além da deficiência visual, ela tem problemas também de coordenação motora, o que dificultou seu atendimento", conta Cristiane.
O caminho inverso foi feito por Maria Cecília Lacerda. Inicialmente, ela procurou o Benjamin Constant para matricular na educação infantil sua filha Maria Fernanda Monteiro, hoje com 15 anos.
"Na época, coloquei no Benjamim Constant porque achei que seria a única escola que a atenderia. Depois, conversando com um médico, ele me auxiliou a procurar outras escolas. Matriculei-a numa escola municipal e ela foi muito bem-sucedida", conta.
Maria Fernanda continua até hoje estudando numa instituição pública, a escola municipal Orsina da Fonseca, na Tijuca (zona norte do Rio).
Sua mãe diz estar satisfeita com o atendimento, mas concorda que, especialmente no que diz respeito a crianças que têm algum tipo de deficiência, é preciso levar em conta a dificuldade específica de cada um.
"Cada criança tem uma história diferente, elas não são iguais. A escola precisa estar preparada para lidar com essas diferenças. No meu caso, vejo que eles têm uma paciência e uma dedicação muito grandes e, com isso, as crianças estão avançando", diz Maria Cecília.

Secretária do MEC admite que ainda há muito a avançar para melhorar inclusão

Secretária do MEC admite que ainda há muito a avançar para melhorar inclusão

Fonte: Folha de São Paulo

DA SUCURSAL DO RIO

A secretária de educação especial do MEC, Cláudia Dutra, reconhece que ainda há muito a avançar para melhorar a inclusão, com qualidade, de deficientes na escola.
Ela diz ainda que as escolas federais, apesar de representarem um número muito reduzido das matrículas na educação básica, também não se organizaram para ser mais inclusivas. "Todo o sistema educacional brasileiro não foi organizado para ser inclusivo, e as escolas federais não são exceção", diz.
Cláudia cita como uma das ações para tentar melhorar a qualidade da inclusão a formação de professores a distância para atenderem a alunos da educação especial. "Estamos disponibilizando 20 mil vagas em instituições públicas de todo o Brasil", afirma.
Ela também destaca iniciativas do governo para aumentar o financiamento da educação especial, como o decreto 6.571, de setembro de 2008, que prevê que o aluno deficiente atendido em classes regulares contará em dobro para efeitos de cálculo do Fundeb caso estude também no contraturno, ou seja, com carga horária ampliada sem prejuízo de sua convivência com as demais crianças.
A secretária lista ainda o programa BPC (Benefício de Prestação Continuada) na Escola como uma das estratégias desenvolvidas pelo governo para incluir alunos que estavam fora da escola. O programa identifica os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada com menos de 18 anos que não estão matriculados e, a partir deste cadastro, planeja investigar as razões que levam essas crianças a não estarem estudando.